Até certo tempo atrás, eu achava que a propaganda tinha que estar por todo lugar e ser feita para qualquer tipo de comércio ou negócio…
Achava que deveríamos colonizar os locais que possuíam atrações raramente exploradas por falta de divulgação, mas, em minhas últimas viagens, esse conceito caiu porque percebi que a própria natureza controla quem vai e quem fica.
Têm locais que não é necessário divulgar com propaganda tradicional porque, quem vai, já sente o que o espera e de uma forma ou de outra será atraído pelo local, seja por um único e simples texto despretensioso publicado em algum blog compartilhado contando a experiência de alguém que foi. Esses lugares mágicos atraem organicamente a curiosidade das pessoas que deveriam passar por lá até mesmo com um simples comentário de um amigo de amigo. São aquelas famosas frases que entram em ação:
“quem procura, acha” e “se o Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé”.
A natureza está acima de qualquer lei, acima de qualquer tentativa de mudar os números e resultados, seja de visitação, faturamento, branding, etc. Não somos maiores que ela e não conseguiremos mexer muito nos números dos já adquiridos naturalmente, faça o melhor post que conseguir, invista o quanto quiser em propaganda ou insira o preço que quiser no anúncio. Existem lugares que não são feitos para serem descobertos e existem outros que não precisam de muito para atrair quem precisa conhecer.
Foi na viagem que fiz em 2017 para a Chapada Diamantina que me veio esse insight, essa nova consciência. Mais precisamente no momento de apreciação da cachoeira Ribeirão do Meio, segundos após tirar a foto abaixo.
Peguei-me pensando:
“Nossa, aqui é um lugar tão exuberante e tem poucos visitantes. A cidade de Lençóis é tão pequena, por outro lado tem tanto comércio legal e uma ótima estrutura para turista. Não tem tantos publicitários para divulgar esses locais, acho que vou morar aqui e fazer a cidade crescer com muito marketing digital”.
Segundos depois, ouvindo e refletindo essa conclusão da própria voz do meu pensamento, pude ver como seria se estivesse cheio de turistas, se a cidade tivesse crescido de fato e mais pessoas tivessem tido a sensação de explorar o local que eu tive. O sentimento seguinte foi de tristeza por ter contribuído para a morte do lugar. Expulsei essa sensação ruim com um sentimento seguinte que me trouxe paz e conforto:
“Tem locais que não precisam ser divulgados e não precisam de muito. As pessoas aqui são felizes como são e gostam de tudo como está. Os empreendedores não precisam de propaganda, eles vivem bem do jeito que vivem e não há o que mexer, por mais que ele te peça ajuda para ‘alavancar’ seu negócio, a fatores externos incontroláveis o farão ficar onde está. Não serei o câncer da cidade.”
Se essa consciência está certa ou errada, eu não sei. Tornou-se uma verdade para mim e sou grata por entender isso.
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